Novembro Azul: mitos e verdades sobre o câncer de próstata

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Até o final de 2020, a estimativa é que surjam cerca de 66 mil novos casos no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Silenciosa e de evolução lenta, a doença pode levar até 15 anos para apresentar algum sintoma. Os mais comuns são fluxo urinário fraco ou interrompido, vontade frequente de urinar e sangue na urina ou no sêmen.

Considerada uma patologia rara entre os jovens, e mais comum na terceira idade, o câncer de próstata começa a ser uma ameaça a partir dos 50 anos. Em relação à genética, se o paciente tem parente de primeiro grau com a doença, como pai e irmão, a possibilidade de desenvolver um tumor é 2 a 10 vezes maior, se comparado com uma pessoa que não tem a doença na família.

O câncer de próstata tem cura, desde que seja diagnosticado precocemente, ou esteja somente na próstata. De acordo com o urologista Frederico Mascarenhas o diagnóstico precoce da doença é importante para possibilitar uma melhor chance de tratamento.  “Existe uma controvérsia sobre a idade em que se devem recomendar os exames de rastreamento, mas em geral, é indicada entre 40 e 50 anos, principalmente em casos de parentes próximos que tiveram diagnóstico de câncer na próstata”, explica o especialista.

 

Exames

Os exames mais realizados para a detecção do câncer de próstata são dosagens de PSA (marcador tumoral), a ultrassonografia e a ressonância da próstata, além do toque retal. Esse último é fundamental para analisar as características da próstata.

Tabu entre os homens, o toque retal não é um procedimento doloroso e nem demorado. O especialista introduz o dedo na região retal para sentir a superfície da próstata e verificar se existe alguma alteração significativa. Com duração de 10 a 15 segundos, o processo é rápido e dá informações sobre o volume, sensibilidade, consistência, textura e presença de anormalidades no órgão.

Dentre os avanços médicos, destaca-se o tratamento cirúrgico conhecido como Prostatectomia Robótica, que mantém a potência sexual do homem em, aproximadamente 90%, incontinência urinária próxima a zero e rápido retorno ao trabalho.

 

Cirurgia Robótica

Através do robô Da Vinci SI, que já existe em Salvador, é possível realizar, com ainda mais segurança, cirurgias delicadas e de alta complexidade, inclusive na área urológica. Na prática, o equipamento tem quatro braços articulados que realizam movimentos de alta precisão, possibilitando a preservação de estruturas vitais do organismo: um deles possui uma câmera e os demais ficam livres para o manuseio dos instrumentos cirúrgicos. O médico, que estará no console de comando visualizando imagens em 3D e com alta definição, é quem comanda todo o procedimento. Através dessa tecnologia é possível alcançar áreas do corpo humano de difícil acesso.

 

Divulgação Hospital Santa Izabel

 

Mitos e verdades sobre o câncer de próstata

Durante o mês de novembro, é importante reforçar a importância da prevenção, conscientização e do diagnóstico precoce do câncer de próstata e destacamos aqui alguns mitos e verdades:

 

É uma doença do idoso

MITO. Apesar de o risco para a doença aumentar significativamente após os 50 anos, cerca de 40% dos casos são diagnosticados em homens abaixo desta idade. Entretanto, a doença é rara antes dos 40 anos. Portanto, homens de todas as idades devem ficar atentos aos fatores de risco.

Ter pai, irmão ou tio com doença aumenta meu risco

VERDADE. A hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Um parente de primeiro grau com a doença duplica a chance. Dois familiares ou mais com a doença aumentam essa chance em cinco ou até dez vezes. Para quem tem casos na família, o recomendado pela Sociedade Brasileira de Urologia é procurar um urologista a partir dos 40 anos.

Homens negros têm maior risco de desenvolver a doença

MITO. Não há estudos conclusivos sobre isso no Brasil.

O sedentarismo pode aumentar o risco para desenvolvimento do câncer de próstata.

MITO. A atividade física não protege

O câncer de próstata não apresenta sintomas em fase inicial

VERDADE: Em estágio inicial, quando as chances de cura beiram 90%, a doença não apresenta qualquer sintoma e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Nesta fase, os sintomas são dor óssea, dores ao urinar, vontade de urinar com frequência, presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

O toque retal é importante essencial para diagnóstico

VERDADE. Apesar de tabu entre os homens, o exame não causa dor. O diagnóstico do câncer de próstata é realizado por meio do exame clínico (toque retal) associado ao exame da dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Nos casos suspeitos, é indicada a realização da biópsia prostática.

Andar de moto, bicicleta e atividade sexual devem ser evitadas antes do PSA

VERDADE. Essas atividades podem elevar a concentração do PSA total no sangue, produzindo resultados alterados, comprometendo a interpretação dos mesmos. Por isso, devem ser evitadas no período de 72 a 48 horas que precedem a realização do exame.

PSA aumentado é sinal de câncer de próstata

MITO. Quando o homem envelhece, sua próstata começa a aumentar. Esse processo é chamado de hiperplasia prostática benigna e não está relacionada ao câncer de próstata. O antígeno prostático pode apresentar alterações em várias situações que não o câncer, como a hiperplasia benigna da próstata, prostatite (uma inflamação) e trauma. Por isso, é importante a avaliação médica e o toque retal.

PSA baixo é sinal que não tenho câncer de próstata

MITO. O câncer de próstata está presente em 15% dos homens com níveis normais de PSA, e o teste é útil para diagnóstico. Porém, para se ter uma análise completa, é importante o exame de toque retal e biópsia da próstata.

Todos os casos de câncer de próstata precisam de tratamento.

MITO. A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida. Em casos de tumores de baixa agressividade, há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente se faz um monitoramento da evolução da doença, intervindo se houver progressão.

Cirurgias com robôs podem tratar câncer de próstata

VERDADE. As cirurgias da próstata podem ser realizadas de diversas maneiras, entre elas, a cirurgia robótica. O procedimento é realizado com o auxílio de um robô que possibilita ao cirurgião ter uma visão ampliada e em três dimensões. A incisão realizada no paciente também é menor quando comparada a cirurgia convencional, proporcionando posteriormente mais qualidade de vida para o paciente.

 

Nesse vídeo do Dr. Frederico Mascarenhas fala sobre a eficácia da cirurgia robótica e seu desempenho  no câncer do próstata

 

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