Adolescentes: as redes sociais podem piorar os transtornos emocionais?

Segundo a psicanalista, as redes sociais podem ser nocivas a adolescentes e jovens mentalmente vulneráveis. É muito importante que as famílias saibam lidar com isso

 

Estudo divulgado em 2020 pela empresa de marketing norte-americana We Are Social, revelou que as redes sociais impactam e exercem forte pressão nos usuários, principalmente no que diz respeito aos padrões de beleza e estética, o que contribui para o desenvolvimento de transtornos comportamentais, como baixa autoestima e depressão.

E esse cenário é bem preocupante, levando em consideração que dados da Organização Pan Americana de Saúde (Opas) revelam que metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14 anos de idade e a maioria dos casos não é detectada, nem tratada. E as consequências podem ser bem preocupantes.

De acordo com a Opas, 100% dos suicídios cometidos entre os jovens de 15 a 24 anos estão relacionados a doenças mentais, como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Diante desse cenário, até que ponto é preocupante o impacto que as redes sociais podem causar no bem-estar e na autoestima desses jovens?

Pesquisa realizada pela ONG inglesa Girlguiding revelou que uma em cada três jovens adolescentes mostram grande preocupação em comparar a sua vida com a de outras pessoas por meio das redes sociais, e elas alegaram que se preocupam pela forma como isso está afetando seu bem-estar. 

A psicóloga, psicanalista e professora Sheyna Vasconcellos, especialista em psicologia familiar e hospitalar, esclarece que essa necessidade de aprovação e aceitação é muito antiga, e anterior às redes sociais. Porém, a geração atual tende a usar o corpo como cenário de exibição em busca de aprovação, ficando cada vez mais tempo online, comprometendo ainda mais essa relação com o espaço virtual.

E esse espaço cria dispersão e fragmentação, o que pode ser bem perigoso para quem já está vulnerável psiquicamente. “Para muitos, a vida editada nas redes sociais não corresponde à vida real, cheia de frustrações. E isso faz com que o indivíduo sinta uma forte solidão em sua angústia”.

As famílias precisam lidar com isso

A psicóloga alerta que a vida midiática faz parte da nossa cultura e das novas formas de sofrimento psíquico, e o papel da família nesse contexto é muito importante.

De acordo com o estudo da ONG inglesa, apenas 12% das jovens entrevistadas afirmaram que seus pais têm alguma preocupação real com os problemas enfrentados por elas, na vida online.

“Cada vez mais os familiares precisam conhecer os interesses de seus jovens, o tipo de conteúdo e perfis que os seduzem e, muito importante: escutar o que eles têm a dizer, e ouvir suas opiniões para procurar entendê-los e orientá-los. Ao demonstrar interesse por este novo mundo a relação entre a família e seus jovens vai se estreitar e abrir um “canal” que pode ganhar mais relevância do que qualquer outro canal de rede social”, orienta a psicóloga.

 

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