Aleitamento materno: por que é tão importante para a mãe e o bebê

O aleitamento materno reduz o risco de morte infantil por doenças respiratórias, auxilia as mães no controle do sangramento após o parto, e ajuda mamãe a perder mais rápido o peso ganho durante a gravidez.

 

Além de fortalecer os vínculos afetivos entre mãe e filho, o aleitamento materno é uma das fases mais importantes da vida de uma criança, contribuindo para seu desenvolvimento saudável. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que o bebê seja amamentado exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida, e que o aleitamento seja mantido até os dois anos de idade, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos. Também são muitos os benefícios à saúde das mães. 

A pediatra baiana Ana Cecília Travassos Santiago, membro do Comitê Estadual de Aleitamento Materno e do Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira, destaca que o aleitamento reduz em 14 vezes o risco de morte por diarreia e em 3,6 vezes o risco de morte infantil por doenças respiratórias. Segundo ela, estudo conduzido e iniciado na década de 1980 pelo médico e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o epidemiologista César Victora - uma das referências mundiais no assunto -, mostra a importância do aleitamento, sem oferta de água, chás ou sucos, garantindo o uso exclusivo nos primeiros meses de vida e a repercussão na redução de mortalidade infantil no primeiro período da vida. “Existe, ainda, associação com menores taxa de doenças metabólicas futuras, como diabetes e obesidade, além de maiores indicadores de níveis intelectuais até a vida adulta”, afirma a médica, que também é professora da UFBA e referência no tema.

 

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O colostro é o primeiro leite a ser produzido e a sua composição é ideal para o início da vida. Segundo Ana Cecília Santiago, os macros e micronutrientes garantem não só a melhor digestão e nutrição, com altas concentrações de proteínas e baixas concentrações de lactose e gordura, como também imunoglobulinas, anticorpos e outras moléculas bioativas que têm ação imunomoduladoras e anti-inflamatórias, que ajudam a estimular e a desenvolver o sistema imune do bebê, protegendo contra diversas doenças.

O médico Leonardo Rezende, do serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital Mater Dei e preceptor da residência médica de ginecologia e obstetrícia do IPERBA, destaca que a amamentação auxilia as mães no controle do sangramento que ocorre após o parto, tenha ele sido normal ou cesárea, diminuindo o risco de hemorragia. Ajuda também a perder mais rápido o peso ganho durante a gravidez. Do ponto de vista psíquico, além de contribuir para o vínculo com o bebê, ajuda a controlar as flutuações de humor após o parto. “Essa interação com o bebê traz uma descarga hormonal muito positiva para a mulher e faz com que ela acabe desenvolvendo sensação de bem-estar, tranquilidade, de prazer, serenidade, que é importante para seu componente psicológico nesse momento inicial, da chegada do bebê que muda a rotina do casal”, afirma o obstetra.

Ana Cecília Santiago lembra que existem evidências científicas que mostram que o contato pele a pele na primeira hora de vida, além de reduzir a dor, o estresse e a hipotermia logo após o nascimento, pode favorecer o estabelecimento de taxas de sucesso na amamentação nos primeiros meses de vida. “Podemos dizer que todos esses benefícios, juntos, podem favorecer, não de forma exclusiva, desfechos psicológicos favoráveis também no futuro”, informou.

 

Combate ao câncer

Alguns estudos também mostram que o aleitamento materno ajuda a reduzir a chance de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de mama. “A amamentação está associada à prevenção do câncer de mama. A mulher que amamenta tem risco 22% menor comparado com o das mulheres que nunca amamentaram. O tempo somado de todos os filhos amamentados reduz ainda o risco de câncer de ovários e endométrio, assim como redução do risco de diabetes tipo 2”, informa Santiago.

De acordo com Leonardo Rezende, as células dos ductos mamários, canais por onde o leite percorre, sofrem mutações e acabam ficando mais protegidos contra o surgimento de outras mudanças celulares que dão origem ao câncer de mama.

 

Rede de apoio

O médico lembra, ainda, que, embora a amamentação seja um ato natural e instintivo para a maioria das mulheres, para algumas pode não ser algo tão fácil. Por isso, é importante uma rede de apoio que a ajude a superar possíveis dificuldades. “Quando a família encontra uma mulher ansiosa, com dificuldade em amamentar e, na tentativa de ajudar, sugere o uso de fórmulas infantis e o uso de mamadeiras, isto acaba desestimulando a amamentação. O conselho: se surgir dificuldades, não desista. Conte com ajuda do seu médico para que possa tentar contornar as dificuldades. Há muita coisa que é possível fazer para ajudar”, destaca Rezende.

 

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