Cardiomiopatia hipertrófica: risco de morte súbita em atletas
A CMH é uma das principais causas de morte súbita em atletas com menos de 35 anos
Embora o risco de morte súbita por cardiomiopatia hipertrófica (CMH) durante atividades físicas possa ocorrer em não atletas, a CMH é uma das principais causas de morte súbita em atletas com menos de 35 anos, por isso a maior parte dos estudos são feitos nesses indivíduos, por se exporem a treinamentos mais intensos, frequentes e prolongados.
A CMH é uma patologia genética e se caracteriza pela hipertrofia (crescimento muscular) do ventrículo esquerdo, mais comum de acontecer no septo, estrutura do coração responsável por separar suas cavidades e fazer a divisão interna do órgão. O que ocorre é que as paredes espessas e rígidas dos ventrículos não relaxam de maneira adequada para permitir que as câmaras cardíacas se encham de sangue. Essa dificuldade se torna mais grave quando o coração bate aceleradamente (como durante atividades físicas). Por não se encher suficientemente, o coração bombeia menos sangue a cada batimento.
O cardiologista Marco Aurélio Moraes de Souza Gomes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) explica que a CMH atinge 1 indivíduo a cada 500 pessoas, cerca de 0,2% da população geral, e tanto pode ser silenciosa, como também apresentar quadros graves, como arritmias malignas ou evolução para insuficiência cardíaca. “Alguns indivíduos poderão apresentar marcadores genéticos para a doença, mas sem expressar alterações anatômicas no decorrer da vida. Nesse caso, o indivíduo apresenta o genótipo da patologia, mas não o fenótipo. Aos que apresentam o fenótipo, ou seja, alterações anatômicas no coração, ou que tenham história familiar de morte súbita por CMH, existe o risco de apresentar arritmias ventriculares durante a atividade física, o que pode desencadear a morte súbita”, explica.
Prevenção
De acordo com o cardiologista, é importante que pessoas jovens que queiram participar de atividades físicas competitivas sejam avaliadas, preferencialmente, por um especialista em medicina do exercício e do esporte, para realização de uma avaliação clínica. Porém, crianças ou jovens que relatem palpitação, dor no peito, tonteira, desmaio ou outros sintomas durante seus exercícios (competitivos ou não), devem sempre ser avaliados por um médico, para um diagnóstico adequado.
Exames
A avaliação inicial deve ser feita levando em consideração o histórico clínico e familiar, além de exame físico e eletrocardiograma.
Outros exames complementares, como ecocardiograma, ressonância magnética do coração, testes funcionais, holter, e outros que o médico achar pertinente, serão solicitados conforme a avaliação clínica. “O avanço dos exames complementares, associado a uma boa avaliação médica reduziu significativamente o risco de morte em indivíduos considerados de alto risco, assim como a melhora do tratamento, em especial o cardioversor, um desfibrilador implantado para quem tem risco de morte súbita”.
Orientações de atividade física para quem tem CMH
• Podem participar de qualquer atividade competitiva indivíduos que só apresentem o marcador genético da doença (genótipo positivo), assintomáticos, sem hipertrofia ventricular e sem história de morte súbita familiar.
• Indivíduos com fenótipo positivo (já apresentam alterações anatômicas do coração) não devem participar da maioria das atividades físicas competitivas. Dependendo do caso, pode ser liberado para atividades de baixa intensidade aeróbica ou de força.
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