Saúde da mulher: dicas e orientações para uma vida mais saudável

Em homenagem ao Dia Internacional das Mulher, celebrado dia 08 de março, preparamos dicas e orientações muito importantes sobre os cuidados essenciais que as mulheres precisam ter com a sua saúde ao longo da vida, para evitar e prevenir doenças e outros problemas que podem afetar sua qualidade de vida.

A saúde da mulher, dentre outras coisas, significa manter hábitos de vida saudáveis, cuidar dos fatores emocionais, fugir dos fatores de risco, ter uma vida sexual segura e satisfatória, planejar se vai querer, ou não, ter filhos, fazer os exames médicos e de rastreamento de câncer, assim como ter um bom acompanhamento médico para orientar na menopausa e ficar preparada para um envelhecimento com saúde! 

Convidamos a ginecologista e obstetra Sandra Serapião Schindler, vice-presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para dar algumas dicas e orientações sobre os cuidados essenciais que as mulheres precisam ter com sua saúde ao longo da vida.

E a primeira dica da médica é que não existe idade para fazermos escolhas saudáveis, e nunca é tarde também para mudar e começar. Mas quando se trata de saúde, é preciso ter muito cuidado ao procurar as escolhas certas e não se deixar enganar pelas muitas ofertas de informações que hoje estão ao acesso de todos. "Neste mundo globalizado somos bombardeados todos os dias com uma enorme quantidade de informações, o que torna fundamental a presença do profissional da saúde para orientar nossas escolhas”.

Outra dica importante que Dra. Sandra faz questão de ressaltar é que a saúde deve ser definida de forma ampla e não apenas como a ausência de doença. Sendo assim, todos devemos começar a cuidar da saúde desde o nascimento.

"Na infância, a criança depende da parceria entre os pais e a escola para promover a sua saúde e o seu desenvolvimento integral, e com a chegada da adolescência começamos a ter consciência do próprio corpo e nos tornamos, pouco a pouco, os responsáveis pelas nossas escolhas".

 

Exames essenciais para a mulher ao longo da vida

Todos já nascemos realizando exames, como o teste do pezinho e o tipo sanguíneo na maternidade.  Mas com o passar dos anos as mulheres devem realizar outros exames, que serão solicitados com periodicidade variável, levando em conta o histórico familiar, os hábitos de vida e a avaliação do profissional de saúde.

Os exames são: hemograma,  colesterol, glicemia,  ultrassom,  raio-X, e o eletrocardiograma.

Além desses exames, todas as mulheres após os 65 anos de idade, e mulheres mais jovens com fatores de riscos associados, devem fazer o exame de densitometria óssea utilizado para a identificação da osteoporose. “Esse exame é fundamental para a prevenção de fraturas e preservação da qualidade de vida da mulher”, esclarece Dra. Sandra.

 

 

Para prevenção do câncer

Alguns exames são importantes na prevenção ou detecção precoce do câncer, e podem ser realizados de uma forma geral, conforme a orientação do Ministério da Saúde:

• O exame papanicolau, para rastreio do câncer de colo de útero, deve ser iniciado aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual, e devem seguir até os 64 anos, e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos.

• A mamografia de rastreamento, exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama, é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos.

• A pesquisa de sangue oculto nas fezes, para mulheres com mais de 50 anos de idade, e a colonoscopia devem ser solicitados para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer colorretal.

“Embora existam inúmeros exames disponíveis, é responsabilidade do profissional de saúde decidir, após avaliação do risco/benefício, qual o melhor exame, e quando solicitar”, orienta a médica.

 

Cuidados ao iniciar a vida sexual

Dra. Sandra alerta para dois pontos fundamentais ao iniciar a vida sexual: o uso regular de preservativo feminino ou masculino, que é fundamental na prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), e a escolha de métodos contraceptivos, possibilitando à mulher planejar quando, como, e se vai querer ter filhos.

Os exames de rotina são os mesmos já citados acima, mas caso ocorra sexo sem preservativo, a orientação é procurar atendimento médico o mais breve possível para obter orientações e fazer exames laboratoriais específicos.

Dra. Sandra também destaca que é importante alertar para a importância da vacinação contra o HPV, vírus adquirido através do contato sexual e associado ao câncer do colo do útero. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos de idade.

 

 

Principais problemas ginecológicos, e como se prevenir

Corrimentos vaginais: responsáveis por até 1/3 das consultas ginecológicas, podendo ser causado por infecção de bactérias, protozoários e fungos, ou por alteração da própria flora da mulher.

Síndrome dos ovários policístico (SOP): em geral começa na adolescência e causa alterações de pele, como acne e aumento da pilificação, irregularidade menstrual, infertilidade e microcistos nos ovários ao exame de ultrassom.  A SOP também possui relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Mioma: é um tumor benigno localizado no útero e que acomete, geralmente, mulheres de 30 a 50 anos de idade. De origem genética, o mioma pode ser assintomático em ate 75% das mulheres, ou pode apresentar crescimento excessivo e causar hemorragias, cólicas intensas, aumento do útero e infertilidade. 

Endometriose: é uma doença caracterizada pela presença do tecido do endométrio (camada que reveste o interior do útero), fora de seu local habitual. Causa cólicas menstruais fortes, diarréia, dor pélvica crônica, dor nas relações sexuais e até infertilidade.

Doença inflamatória pélvica: acomete principalmente mulheres dos 20 aos 30 anos. Os fatores de risco são:  múltiplos parceiros, usuárias de DIU (dispositivo intrauterino)  e histórico de episódios anteriores. Os principais sintomas são febre, dor no baixo ventre e corrimento com odor fétido. 

De acordo com a médica, também é aconselhável que a mulher mantenha uma alimentação saudável, evite o fumo, o álcool, o uso de alimentos processados, assim como procurar combater o estresse, o sedentarismo e a obesidade pois são fatores de risco que prejudicam a saúde. “Muitas das patologias ginecológicas possuem etiologia desconhecida e, portanto, não são passíveis de prevenção. Por isso,  a adoção de um modo de vida saudável é fundamental “.

 

Mais qualidade de vida

Independente da idade, a mulher precisa ter cuidados para garantir, também, sua qualidade de vida e isso inclui estar vigilante para identificar hábitos nocivos, sintomas físicos e psíquicos, e aderir a hábitos saudáveis.

Em seu blog da saúde, o Ministério de Saúde elaborou alguns aspectos considerados primordiais para a saúde da mulher nesse sentido:

Saúde mental em mulheres jovens – procurar acolhimento no setor de saúde para identificar prejuízos físicos e psíquicos causados por fatores extremamente estressantes como dupla jornada de trabalho, violência doméstica, violência sexual e psicológica, além de negligência e abandono.

Saúde mental na terceira idade – que envolve questões como isolamento social e transtornos emocionais causados poela aposentadora, viuvez e alterações fisiológicas.

Sexualidade – que engloba um conjunto de aspectos psíquicos, biológicos, sociais, históricos e culturais que envolvem o prazer, o desejo, a ternura e o amor. Portanto, conhecer o próprio corpo é fundamental, e a mulher ao longo da vida passa por vivências e experiências da sua sexualidade que mudam com o passar dos anos: adolescência, juventude, maturidade, menopausa, terceira idade, e todos os tabus que dificultam a busca por informação e a superação de obstáculos.

Realizar exames de rastreamento – o SUS oferece exames para rastreio do câncer de colo de útero e câncer de mama.

Proteger- se contra IST/HIV - as IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer também da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. O uso de preservativos feminino ou masculino é a forma de vivenciar a sexualidade de forma segura. Vale lembrar que o uso do preservativo não serve somente para evitar gravidez, mas é fundamental utilizá-lo para prevenção das IST, HIV/Aids.

Fazer escolhas conscientes sobre métodos contraceptivos – o SUS disponibiliza diversos métodos contraceptivos para que adolescentes e mulheres possam escolher a maneira mais confortável para planejar a gravidez, caso queira ter filhos. A mulher pode escolher entre os métodos: injetável mensal, injetável trimestral, minipílula, pílula combinada, diafragma, DIU, além dos preservativos feminino e masculino.

Buscar ajuda em caso de violência – a violência contra as mulheres é uma das principais formas de violação dos direitos humanos, pois atinge as mulheres no seu direito à vida, à saúde e à integridade física. As mulheres agredidas vivenciam situações de medo, pânico, baixa autoestima, ansiedade, angústia, humilhação, vergonha e culpa, perda da autonomia e, muitas vezes, fragilidade emocional. Situações que  abrem margem para quadros clínicos como depressão, síndrome do pânico, ansiedade, distúrbios psicossomáticos, dentre outros. Se está passando por alguma situação que lhe incomoda converse com pessoas de sua confiança e vá até um serviço de saúde mais próximo para pedir ajuda e tirar dúvidas.

Utilize práticas saudáveis para os sintomas comuns durante os ciclos menstruais, e no climatério/menopausa - medicar o corpo das mulheres, em nome da ciência e de um suposto bem-estar, sempre foi uma prática da medicina, que só será modificada quando as mulheres tiverem consciência de seus direitos, das possibilidades preventivas e terapêuticas e das implicações das distintas práticas médicas sobre o seu corpo. A medicalização do corpo das mulheres com uso de hormônios durante o climatério/menopausa, por exemplo, encontra um campo fértil no imaginário feminino pelas falsas expectativas como a eterna juventude e beleza. Converse abertamente com seu médico sobre isso e esclareça todas as duvidas. 

Planeje e vivencie uma gestação saudável - o  planejamento reprodutivo é um importante recurso para a saúde das mulheres. Ele contribui para uma prática sexual mais saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do organismo da mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para cuidar dos filhos e para realizar outras atividades. O acompanhamento pré-natal assegura o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. A opção por não ter filhos também deve ser assegurada, e a abordagem nessa situação deve ser livre de preconceitos e crenças por parte dos profissionais de saúde.

 

 

 

 

Para acessar mais informações do Ministério da Saúde destinadas à saúde da mulher clique aqui.