Covid-19: a obesidade é um fator agravante
Assim como registrado em outros países, no Brasil dados do Ministério da Saúde revelam que a obesidade é um fator de risco nas pessoas com a covid-19, inclusive para quem tem menos de 60 anos.
E de acordo com estudos informados no jornal O Estado de S. Paulo, obesos não idosos têm duas vezes mais probabilidade de serem hospitalizados, e com maior risco de internação em UTI.
Embora os dados sobre parâmetros metabólicos relacionando a obesidade e a covid-19 ainda sejam escassos, o que se pode afirmar é que quanto maior o índice de massa corpórea, maior a gravidade da infecção e o quadro respiratório, conforme explica a endocrinologista Reine Chaves, fundadora e diretora do Cedeba (Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia).
“Estudos evidenciam que 85% dos pacientes obesos, com IMC (Índice de Massa Corpórea) maior ou igual a 35 kg/m2, necessitam de ventilação mecânica quando infectados. E os estudos também revelam que o excesso de peso tem sido associado a um risco 86% maior de desenvolver pneumonia grave, e pessoas com obesidade mórbida têm 142% mais chance de desenvolver pneumonia”.
No Cedeba, 80% dos pacientes obesos atendidos tem diabetes e hipertensão associados, e os que têm obesidade mórbida também apresentam apneia do sono. “Com esse histórico os obesos se tornam grupo de alto risco para a covid-19”, alerta Dra. Reine.
O que os estudos explicam é que o tecido adiposo (que no obeso é maior do que deveria) é um tecido ativo do ponto de vista endocrinológico, aumentando a produção de citocinas inflamatórias, o que interfere na resposta adequada à formação de anticorpos.
E para piorar, pessoas com excesso de peso, geralmente têm capacidade pulmonar mais restrita porque o excesso de gordura abdominal tende a reduzir o volume da caixa torácica.
Tratamento
De acordo com o diretor médico da Clínica da Obesidade, em Salvador, o endocrinologista Sérgio de Queiroz Braga, “não foi surpresa para os estudiosos essa relação entre obesidade e complicações da covid-19, uma vez que a obesidade está associada a outras infecções respiratórias”, declara.
Mas ele alerta que não se deve rotular os obesos como pacientes de risco, pura e simplesmente. É preciso acolher estes pacientes e oferecer opções para seu tratamento. “Nesse momento, é muito importante que os pacientes que já fazem tratamento continuem, e os que ainda não se tratam, devem iniciar imediatamente”.
De acordo com o médico, a cirurgia bariátrica só deve ser considerada caso nenhum tratamento clínico tenha tido êxito. “Por se tratar de uma doença multifatorial, a obesidade exige uma abordagem ampla”, orienta ele.
No Cedeba, o tratamento da obesidade é feito com equipe multidisciplinar integrada com endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra e assistente social. Nesse momento o atendimento presencial foi suspenso devido às medidas de isolamento, mas está ocorrendo através de canais de comunicação, com equipe acolhendo, orientando e tirando dúvidas. “Além disso, na teleorientação temos equipe informando as medidas de prevenção para evitar a covid-19, e um suporte psicológico para os pacientes”, informa Dra. Reine.
Veja os canais de comunicação do Cedeba no final da matéria.
Para dar resultado
As fisioterapeutas Lidiane Angelim e Michela Zanotti, especialistas da Nutriderm, clínica especializada em emagrecimento e tratamento estético em Salvador, explicam que para o tratamento de emagrecimento ter êxito é importante o indivíduo ter acompanhamento de equipe multidisciplinar para trabalhar todos os aspectos que envolvem a obesidade - corpo, mente e emoções. “Só assim é possível promover novos hábitos de vida”, alerta Michela.
Um bom programa de gerenciamento tem que considerar desde a recomendação de dieta anti-inflamatória e hipocalórica, atividade física guiada, além de outras variáveis, como explica Lidiane. “Além do fator social, tem que considerar o ambiente obesogênico e questões emocionais como ansiedade, raiva, tristeza, culpa, preocupação, prejuízo de autoestima e autoimagem”.
A obesidade é uma pandemia
A obesidade é considerada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 300 milhões de pessoas com sobrepeso, ou obesas, em todo o mundo.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade da população está acima do peso, 20% dos adultos estão obesos, e 74% das mortes estão relacionadas a doenças cuja obesidade é a principal causa, como problemas cardíacos, câncer, hipertensão, diabetes, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e muitas outras.
De acordo com Dr. Sérgio, a obesidade deixou de ser uma simples doença do mundo moderno, e tornou-se uma doença integrante do grupo das DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), multifatorial, sujeita a sucessivas recidivas e, comprovadamente, a maior causadora de óbitos em todo o planeta.
“A pandemia da obesidade já vem sendo registrada, e negligenciada, há décadas sem que nenhuma intervenção de saúde tenha conseguido reduzir a prevalência. E pode até piorar após a pandemia, devido às medidas de isolamento e redução de exercícios”, alerta o endocrinologista.
No que se refere aos impactos econômicos, segundo Dr. Sérgio os obesos custam para o SUS (Sistema Único de Saúde) e planos de saúde 60 vezes mais do que as pessoas não obesas. “No Brasil, os índices da obesidade são alarmantes, e se não for prevenida e cuidada corretamente terá um impacto devastador na vida dos indivíduos e da sociedade”, declara.
Como saber se está obeso
A obesidade é determinada pelo IMC que é calculado dividindo o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado.
Menor que 18,5 - Abaixo do peso
Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal
Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado)
Igual ou acima de 30 - Obesidade
Cálculo do IMC:
Exemplo: uma pessoa de 83 kg e 1,75 m de altura:
1,75 x 1,75 = 3.0625 / IMC = 83 divididos por 3,0625 = 27,10
O resultado de 27,10 de IMC indica que a pessoa está acima do peso desejado (sobrepeso).
Canais de comunicação com o Cedeba:
fiqueemcasa@gmail.com / telefone: (71) 3103-6011 / 6012
Whatsapp: (71) 98608-4142