Covid-19 e o risco de trombose. Saiba mais
Além de tosse e falta de ar, a inflamação causada novo coronavírus pode trazer outros danos para o organismo. Estudos têm registrado que em doentes graves, hospitalizados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi observada uma elevação nos níveis de certas substâncias relacionadas à coagulação, o que pode levar à trombose.
De acordo com a cirurgiã vascular e angiologista Ana Célia Ferreira Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional Bahia (SBACV-BA), as alterações vasculares associadas à covid-19 podem levar ao surgimento de trombose de veias e artérias, vasos que estão presentes nos diferentes órgãos do corpo. “Chama a atenção, o importante aumento do risco de trombose venosa e arterial, que pode se manifestar em qualquer outro órgão, inclusive nas pernas e braços, o que pode ter graves consequências”.
Ela alerta que pacientes com antecedente de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar precisam ser orientados quanto à necessidade de uso de medicações para prevenir uma nova trombose, especialmente se houve internamento. Segundo ela, exames laboratoriais fornecem dados indiretos quanto ao prognóstico, e as orientações variam de caso a caso conforme o risco individual de cada um, já que o uso de anticoagulantes está associado ao maior risco de sangramentos. Portanto, estes medicamentos jamais devem ser utilizados sem orientação médica.
Os danos
O surgimento de tromboses associados aos casos graves de covid-19 leva a diversas alterações nos órgãos comprometidos, uma vez que a trombose nas artérias provoca a diminuição do sangue que chega ao órgão irrigado, causando prejuízo às células e aos tecidos. “Nos estudos também foram identificados casos de TEP (tromboembolismo pulmonar) em artéria primária do pulmão afetado”, alerta a cirurgiã vascular.
De acordo com a médica, como a covid-19 é uma doença relativamente recente, muito se tem estudado sobre as formas de tratamento, avaliando riscos e benefícios das diferentes medicações. Nos casos dos doentes graves os centros hospitalares têm discutido e adotado protocolos de prevenção e tratamento da trombose, dependendo do risco e das condições clínicas de cada paciente. “Como ainda não há vacina ou tratamento para a covid-19, embora pesquisas recentes tenham mostrado medicações promissoras, é importante a avaliação médica em casos com apresentações moderadas à graves, que podem requerer internamento e cuidados específicos”, explica a médica.
Fatores de risco
A cirurgiã alerta que, tratando-se especificamente da trombose associada à covid-19, é impreciso, ainda, apontar fatores de risco para o comprometimento vascular, mas algumas pesquisas realizadas com doentes hospitalizados mostraram maior risco entre pessoas idosas, obesas e portadoras de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, doença cardiovascular, neoplasias e doenças respiratórias crônicas. “Se considerarmos o risco para trombose, de maneira geral, esses grupos de pacientes, dentre outros, merecem um olhar mais atento, pelo potencial de apresentação de formas mais graves”.
Até o momento, estima-se que uma parte das pessoas que adquirem a infecção viral pode não apresentar sintomas da doença. Entre os doentes que apresentam sintomas, a maioria tem um quadro com alterações relacionadas ao aparelho respiratório, podendo evoluir para uma pneumonia e, em alguns casos, para a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
“O conhecimento sobre a covid-19 e do novo coronavirus vem progredindo rapidamente, com o apoio de universidades e instituições de pesquisas pelo mundo inteiro, em busca de maiores estudos e evidências sobre a doença. E é importante continuar destacando e divulgando as medidas de prevenção, como a higiene frequente das mãos e os cuidados necessários para a proteção individual e coletiva, em um esforço de todos pelo bem da nossa sociedade”, reforça a cirurgiã.
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