Covid19: a pandemia abala a rotina de médicos e profissionais de saúde

A pandemia da covid19 trouxe uma realidade dura para os profissionais de saúde, que estão se vendo diante de muito trabalho e muita pressão, o que afeta diretamente suas vidas e de suas famílias, tanto na saúde física como emocional.

O relato de quem está na linha de frente, lidando com a doença e com tudo que envolve essa pandemia, dá a dimensão da verdadeira batalha que eles enfrentam diariamente. “É uma doença triste do ponto de vista médico, por não haver tratamento, e triste pelo estigma gerado, pelo medo e incertezas que afeta a todos”, desabafa o médico Fabio Amorim, infectologista dos hospitais São Rafael e Couto Maia, em Salvador, no atendimento a pacientes da covid19.

Segundo ele, é impossível os médicos e agentes de saúde não se abalarem com o que estão presenciando. “É tudo muito complicado, pois além de termos que lidar com a situação triste de pacientes isolados em tratamento, sozinhos, sem seus familiares, temos que enfrentar os números de óbitos que aumentam a cada dia, a falta de vagas nos hospitais, e a pressão em nossas vidas, com medo de ficarmos doentes, de vermos amigos doentes, e o medo de infectar nossas famílias”.

 

O esforço é de todos

O médico Jedson Nascimento, diretor de Defesa Profissional da Associação Bahiana de Medicina (ABM) avalia esse momento atual como um dos mais críticos que a humanidade já viveu pela dimensão que envolve, a tudo e a todos.

E ele relata que tem sido fundamental os esforços feitos para garantir aos médicos o que for preciso para que eles possam enfrentar essa pandemia. “Ninguém sabe quem estará presente amanhã, então todos precisam ajudar. Nesse momento, o esforço o coletivo é fundamental para enfrentar esta situação muito complicada”.

 

 

Na Bahia, a ABM, em parceria com o INESS (Instituto de Ensino e Simulação em Saúde), está capacitando médicos para o enfrentamento da doença, e cerca de 500 profissionais já foram treinados em biossegurança e manejo de via aérea.

O Cremeb (Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia) está sendo assertivo na deliberação de resoluções e recomendações, assim como o Sindimed (Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia), empenhado na busca de melhorias e proteção para cada médico que está no enfrentamento da doença.

Apesar de tudo, o infectologista Fábio Amorim fica orgulhoso de poder fazer parte desse momento. “É uma experiencia sofrida, mas é única. Como infectologista me sinto fazendo história. Imagino como será daqui a alguns anos quando nos lembrarmos de tudo isso. É muito gratificante ver como meus amigos e colegas de trabalho estão sendo companheiros de luta, incansáveis! E temos apoio uns nos outros para encarar essa batalha”

 

No isolamento, mas na ativa

Afastado do consultório e do centro cirúrgico onde atuava várias vezes por semana antes da pandemia, o cirurgião oncológico Robson Moura, presidente da ABM e vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), está em isolamento social por ser grupo de risco. “Tenho 60 anos e sou cardiopata, com uso regular de medicação”, mas continua bastante ativo tanto no suporte aos seus pacientes, como nos esforços junto as ações da ABM e na AMB. Diariamente participa de reuniões via videoconferências e também lives no instagram, dando apoio, orientações e todas as providências que sejam necessárias nesse momento.

“Estou em casa, mas sempre à disposição para ser útil e contribuir o máximo que eu puder. Me angustia ver profissionais essenciais, de médicos a garis, terem que sair de casa todos os dias para trabalhar,  colocando em risco suas vidas e de suas famílias. E eu também gostaria de estar atuando na prática, mas tenho consciência que em casa estou ajudando mais nesse momento, e não me colocando em risco ou colocando em risco a saúde dos outros”.

 

Suporte emocional

Segundo os especialistas, pequenas pausas, nem que por algumas por poucas horas para ler, ouvir música, meditar, praticar atividade física dentre outras atividades, possibilitam relaxar e se desligar, e isso traz benefícios importantes para não deixar o estresse afetar o bem-estar mental, tão importante para a qualidade de vida, e principalmente para quem está na linha de frente do enfrentamento de uma pandemia.

 

 

Para dar apoio e atenção ao bem-estar emocional dos médicos nas ações de enfrentamento à covid19, o Ministério da Saúde, em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criou suporte psiquiátrico que visa cuidar da saúde mental dos profissionais contratados pelo Governo Federal para auxiliar os gestos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos estados.