Muita atenção para a obesidade infantil: veja as causas, as consequências e os modos de prevenção
Estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017 revelaram que a obesidade infantil disparou nos últimos 41 anos, registrando cerca de 124 milhões de crianças e adolescentes obesos ao redor do mundo.
Classificada como epidemia pela OMS, a obesidade já afeta 39% da população adulta e 18% das crianças e adolescentes. Com o objetivo de alertar sobre os cuidados necessários para combater essa doença, que afeta milhares de crianças, foi criado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil - celebrado dia 03 de junho.
A médica cardiopediatra Isabel Cristina Britto Guimarães, coordenadora do serviço de cardiologia pediátrica do Hospital Ana Nery, em Salvador, alerta que prevenir e combater a obesidade infantil não deve ser uma tarefa apenas médica. Na criança, a obesidade está fortemente associada ao estilo de vida, e a família e a escola precisam exercer um papel central nesse processo.
“Sabe-se que o excesso de peso é fruto de um estilo de vida onde prevalece a alimentação inadequada e a falta de atividade física. Portanto, é muito importante a parceria família/escola para orientar e incentivar as crianças a adquirirem hábitos alimentares saudáveis, além de promover e estimular a prática regular de esportes. E além do pediatra, essa tarefa também deve envolver nutricionista, psicólogo, educador físico e a assistente social”.
Criança com sobrepeso, ou obesidade, sofre com apneia do sono, dificuldade para movimentar-se e cansaço frequente, além de demonstrar comportamento de baixa autoestima, e até depressão. Estudos demonstram que a autoimagem, comprometida pela obesidade, pode causar certos distúrbios psicológicos na criança.
Como prevenir
Para prevenção e tratamento dois pontos são fundamentais: mudança dos hábitos alimentares e combate ao sedentarismo. Mas algumas medidas são essenciais para evitar ou reduzir a obesidade na criança:
• Incentivar o aleitamento materno
• Limitar o consumo de refrigerantes, biscoitos e fast food. Filhos de pais obesos têm mais riscos de serem obesos, por isso o padrão alimentar precisa ser distante do consumo excessivo de produtos processados e ultraprocessados, que para serem duráveis e supostamente mais atraentes, recebem adição de gordura e açúcar
• Limitar o tempo de tela para 2 horas por dia (TV, computador e tablets)
• Encorajar a pratica de esporte e atividade física
Fatores de risco da obesidade infantil
A obesidade é fator de risco para doenças crônicas no adulto, mas que podem surgir já na infância. Crianças obesas têm 75% de chances de serem obesas também na vida adulta, e com isso desenvolverem essas doenças, a curto e longo prazo:
• Diabetes
• Hipertensão
• Dislipidemia (anomalias quantitativas ou qualitativas de gorduras no sangue)
• Síndrome da apneia obstrutiva do sono
• Distúrbios ortopédicos
• Distúrbios psicológicos
• Doença gordurosa hepática não alcoólica
• Alterações dermatológicas
• Síndrome metabólica (conjunto de doenças que, associadas, levam ao aumento do risco de problemas cardiovasculares)
• Doença aterosclerótica cardiovascular precoce
Existem vários métodos para avaliar se o peso da criança está adequado ou não. Na prática clínica, recomenda-se o uso do índice de Massa Corporal (IMC), que é estimado pela relação entre o peso e a estatura, expresso em kg/m2. A tabela da Caderneta de Saúde da Criança do Ministério da Saúde (MS) indica o IMC adequado do peso x altura.