Novembro Azul: homens, protejam-se contra o câncer de próstata!
.Novembro é considerado o mês mundial da prevenção ao câncer de próstata, representado pela cor azul. Levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que em 2018 mais de 68 mil novos casos da doença serão diagnosticados no país. Na Bahia, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesab), entre os meses de janeiro e agosto deste ano, foram registrados 895 óbitos decorrentes da patologia, sendo 156 em Salvador.
Segundo o urologista Eduardo Café, o câncer de próstata está diretamente ligado à idade e é silencioso, pois não apresenta sintomas até chegar ao estado avançado. Exatamente por isso é importante seguir à risca a orientação médica: a partir dos 45 anos, todo homem deve iniciar a realização de exames preventivos, se consultando anualmente com o urologista. Esta idade cai para 40 anos para quem tem histórico da doença na família.
A campanha do Novembro Azul visa justamente incentivar a prevenção entre o público masculino. O urologista da Lithocenter Modesto Jacobino ressalta que não há outro caminho para detecção da doença se não o exame de toque retal, que verifica se há algum nódulo na região prostática, aliado ao Prostate-Specific Antigens (PSA), um exame de sangue que mede a quantidade de proteína liberada na próstata.“O PSA não diz se você tem a doença, mas indica a necessidade de continuar ou não a investigação”, esclarece o especialista. Vale lembrar que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
A coordenadora de Atenção Primária à Saúde de Salvador, Adriana Miranda, destaca a necessidade de quebrar o preconceito que envolve o exame de toque retal. “Tal fato está ancorado na cultura da masculinidade e afasta o homem adulto dos serviços de saúde. Esse comportamento favorece o aumento de doenças crônicas e infecções sexualmente transmissíveis, o distanciamento da paternidade, entre outras coisas”, adverte Adriana.
Na tentativa de reverter esse quadro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) oferece durante todo este mês mais de 15 mil atendimentos gratuitos, entre consultas, exames, vacinas e testes rápidos, voltados para a população masculina da capital baiana. Somente no Hospital Municipal de Salvador (HMS) irá realizar 500 ultrassonografias, além de dispor de 150 vagas para consultas com urologistas, que serão realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras.
Tratamento
A importância do diagnóstico precoce está diretamente ligada ao sucesso do tratamento e chance de cura. Segundo Dr. Eduardo, quando detectado em fase inicial, adota-se a vigilância ativa, com exames trimestrais para acompanhar o desenvolvimento do tumor. Já no estado avançado, as opções vão de radioterapia até cirurgias para castração ou bloqueio hormonal.
“Quando o câncer está somente na próstata, é indicada a cirurgia convencional, feita por videolaparoscopia ou robótica. Também pode ser adotada a radioterapia externa ou radioterapia intersticial, chamada de braquiterapia. Qualquer dos métodos empregados apresenta índice de cura de mais de 90% em 10 anos. No caso do câncer já ter saído da próstata, indica-se a castração/orquiectomia total e a hormonioterapia para bloqueio androgênico total”, diz o médico.
O especialista ainda chama a atenção para as possíveis complicações decorrentes do processo de metástase, fase em que as células cancerígenas migram para outros órgãos do corpo. “A doença pode atingir os ossos ou o sangue e se tornar incurável”, alerta.
LGBTs – cuidados especiais
Modesto Jacobino destaca a necessidade de uma abordagem diferenciada do Novembro Azul para o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis). “Já atendi uma pessoa que tinha no RG o nome de João, mas queria ser atendido como Joana. O respeito do médico nestes casos é essencial para conquistar a confiança do paciente”, conta.
Mulheres transgênero (entenda diferença entre identidade de gênero e orientação sexual no box abaixo) requerem prevenção e tratamento mais delicados. “Em função da manipulação hormonal, o câncer de próstata no grupo transgênero homem a mulher frequentemente é agressivo e resistente ao tratamento. Isso sugere que o uso de estrógeno possa ser fator tanto para o desenvolvimento como para a progressão da patologia”, adverte doutor Jacobino.
Além disso, a cirurgia de remoção da próstata pode causar dificuldade temporária de ereção, afetando não só o homem heterossexual, mas de forma mais intensa bissexuais e homossexuais, por conta da prática do sexo anal. “A penetração no sexo anal exige que o homem tenha uma ereção mais completa do que no sexo vaginal. Essa ‘incapacidade’ sexual pode causar diversos problemas psicológicos, chegando a depressão. O médico precisa estar atendo a tudo isso”, ressalta o urologista.