Novo coronavírus: o perigo é global

Após balanço divulgado pela China na última quarta-feira (29), informando que o país tem 7.736 casos confirmados do novo coronavírus, e 170 mortos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia mudar o nível para alerta global.

Outros 17 países também já têm casos confirmados, o que fez a OMS alterar a definição de caso suspeito para qualquer pessoa com sintomas que tenha estado na China, de forma geral, e não apenas na cidade de Wuhan, epicentro do novo coronavírus.

No Brasil, de acordo com a coletiva de imprensa feita pelo Ministério da Saúde (MS), também na quarta-feira (29), desde o dia 18 de janeiro foram 33 notificações, com 20 casos já excluídos (não se enquadraram como suspeita), 4 casos descartados (chegaram a ser suspeita, mas a investigação descartou o vírus) e 9 casos ainda em investigação. Os casos suspeitos foram em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Ceará.

Na Bahia, o único caso notificado até o momento já foi descartado. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que pretende capacitar os profissionais de saúde para entender mais sobre o novo coronavírus, e a Secretaria Municipal de Saúde vai começar um plano de ações visando o Carnaval, época em que aumenta a circulação de pessoas na cidade. O aeroporto de Salvador também adotou medidas de prevenção, como a oferta de álcool gel e informes sonoros sobre o novo vírus.

A infectologista Nanci Silva, professora da Escola Bahiana de Medicina, esclarece que o novo coronavírus (2019-nCoV) pode ser transmitido de pessoa para pessoa, através do ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal com secreções contaminadas, apesar de ainda não estar totalmente claro a facilidade com que isso pode ocorrer.

 

 

“A forma exata como o vírus se dissemina ainda não está esclarecida. Porém, a transmissão ocorre de forma semelhante a outros coronavírus, como o SARS e o MERS, através da tosse e espirros de uma pessoa infectada, de forma similar ao Influenza e à outros vírus respiratórios. Pode haver transmissão também com o contato de algum objeto ou superfície contaminada levando o vírus à boca, nariz e olhos. Mais dados ainda são necessários para fazer uma definição, porém a estimativa inicial é de que a letalidade esteja em torno de 3%, inferior à do SARS e do MERS”, esclarece.

De acordo com a infectologista, atualmente não existe vacina para prevenir a infecção por 2019-nCoV. A melhor maneira de prevenir é evitar ser exposto ao vírus. O MS orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus:

• Lavar as mãos frequentemente com água e sabão;

• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca;

• Evitar contato próximo com pessoas doentes e que sofram de infecção respiratória aguda;

• Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;

• Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;

• Utilizar lenço descartável para higiene nasal;

• Manter os ambientes bem ventilados;

• Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;

• Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações;

• Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Os sintomas

De acordo com o MS, os principais sintomas são febre, tosse e dificuldade de respirar. Outros sintomas menos frequentes são dores musculares, fadiga, dor de cabeça e diarreia.

Quanto ao período de incubação ainda não há informação exata, mas presume-se que o tempo de exposição ao vírus e o início dos sintomas seja de até duas semanas.

 

Tratamento

Conforme informações divulgadas pelo MS não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano. No caso do novo coronavírus é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo, uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos), uso de humidificador no quarto e banho quente.

A orientação é que, aos primeiros sintomas, é preciso procurar ajuda médica imediata para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. Os casos graves devem ser encaminhados para um hospital de referência para isolamento.

“Cerca de 20% dos pacientes possuem uma forma mais grave da doença, necessitando de internamento em Unidade de Terapia Intensiva, devido à insuficiência respiratória, choque séptico ou outras falências de órgãos. A maioria dos casos fatais ocorre em pacientes que possuem alguma condição médica subjacente”, explica Dra. Nanci.

De acordo com o MS, diante de um paciente suspeito é necessário isolá-lo precocemente através de medidas de precaução padrão, por contato e gotículas. O paciente deve utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantido em quarto privativo.

 

O que se sabe sobre novo vírus

O novo coronavírus (COE-nCoV) pertence ao grupo de uma ampla família de vírus que podem causar doença, desde um resfriado comum até situações mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês Middle East Respiratory Syndrome).

Esse novo coronavírus foi identificado em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, em Wuhan, na China, após casos de pneumonia de causa desconhecida. A fonte primária ainda não está completamente elucidada, porém os pesquisadores acreditam que tenha sido em um mercado de frutos do mar e animais da cidade chinesa.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), não apenas orientou, mas instou os países das Américas a se prepararem para detectar, isolar e cuidar precocemente de pacientes infectados com o novo coronavírus, dada a possibilidade de receberem viajantes de países onde há transmissão do vírus.

Para saber mais sobre as orientações do MS clique aqui.