Retinoblastoma: altas chances de cura se diagnosticado precocemente

Tumor ocular agressivo, de crescimento rápido e progressivo, o retinoblastoma atinge crianças de até 4 anos, mas tem altas chances de cura quando diagnosticado precocemente

 

Embora seja uma doença rara, o retinoblastoma é o tumor ocular mais frequente em crianças de até 4 anos de idade. Maligno, agressivo e de crescimento rápido e progressivo, raramente atinge crianças mais velhas ou adultos. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para o sucesso do tratamento, que está totalmente relacionado ao tamanho e ao grau de acometimento do tumor. 

O retinoblastoma tem altíssimas chances de cura, desde que esteja intraocular. Quando diagnosticado já na fase extraocular, as chances diminuem drasticamente e o tratamento é mais agressivo, com mais sequelas e complicações. As crianças com retinoblastoma devem ser acompanhadas por oncopediatra e oftalmopediatra.

 

Sintomas

Os mais frequentes são a leucocoria (alteração do reflexo vermelho da pupila), que pode ser percebido em fotografias com flash, especialmente quando não se usa o recurso redutor de olhos vermelhos; e o estrabismo, quando o tumor acomete a área da visão central (a mácula). O diagnóstico é feito através do mapeamento de retina, com a pupila dilatada para avaliação do fundo de olho.

 

O tratamento

Em estágio inicial, é possível realizar o tratamento somente com laserterapia localizada, sem qualquer necessidade de quimioterapia, cirurgia ou radioterapia, conseguindo, assim, 100% de cura e a preservação da visão. Já no caso da doença disseminada, com metástases cerebrais ou ósseas, vai ser necessário um tratamento mais agressivo, com redução significativa das chances de cura.

 

Tem cura?

As chances de cura são maiores quando o tumor se localiza apenas na retina. De acordo com os especialistas, o famoso “reflexo branco” na foto, observado quando a criança olha diretamente para o flash da câmera (onde os olhos deveriam ser visualizados vermelhos) é um sinal importante de que algo precisa ser investigado na retina, por isso, diante dessa situação, o encaminhamento ao oftalmolpediatra deve ser o mais precoce possível. Esse sintoma significa que o diagnóstico foi feito tardiamente. Por isso, é muito importante o teste precoce do olhinho, assim como a avaliação oftalmológica de rotina na primeira infância.

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) recomenda que o teste do reflexo vermelho seja realizado pelo pediatra, ainda na maternidade, em até 72 horas de vida, e repetido, pelo menos, 3 vezes por ano nas consultas até os 4 anos de idade.

 

E quais os fatores de risco?

Ainda são necessários mais estudos para determinar o que realmente contribui para o desenvolvimento do retinoblastoma, mas o que se sabe, até agora, é que crianças até 4 anos são as mais acometidas, por isso é importante toda a atenção dos pais nesses primeiros anos de vida da criança. Além disso, o risco ainda é maior em crianças cujos pais tiveram a doença na forma congênita (hereditariedade).

Sobre a doença

O retinoblastoma ocorre por uma alteração no gene RB do cromosoma 13 e pode ser germinal (quando é hereditário ou decorrente de uma nova mutação e, nesses casos, geralmente é bilateral, ou múltiplo, atingindo crianças mais novas); ou somático (quando ocorre por duas mutações aleatórias em uma mesma célula, sendo, nesse caso, sempre unilateral, unifocal e acometendo crianças um pouco maiores).

Em ambas as situações, as células neoplásicas multiplicam-se desordenadamente formando massas tumorais na retina, que crescem rapidamente e podem infiltrar outras estruturas oculares, como a cavidade vítrea, o tecido uveal e nervo óptico. E pode, ainda, se tornar extraocular, atingindo a órbita ou disseminando para o sistema nervoso central através da infiltração do nervo óptico.

 

Fontes consultadas: Dra.Juliana Teixeira Costa, oncopediatra do Hospital Santa Izabel (HSI); Dra. Iluska Agra, oftalmopediatra e coordenadora do ambulatório de Oftalmopediatria e Estrabismo do HUPES/UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia).

 

 

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