Vacina contra a dengue tem a participação da Fiocruz Bahia

O Instituto Butantan, em São Paulo, já está desenvolvendo uma nova e promissora vacina, e a Bahia, através da Fiocruz, também tem participação importantes na pesquisa.

 

O crescimento do número de casos de dengue no país, inclusive com mortes, tem preocupado as autoridades. Já são mais de 3,5 milhões de registros prováveis da doença, mais que o dobro do ano passado. Destes, cerca de 150 mil foram notificados na Bahia, com uma taxa de letalidade de 2,7%. A vacina é considerada um importante instrumento para conter o avanço da dengue, mas, mesmo o Brasil sendo o primeiro país do mundo a incluir o imunizante no calendário nacional, a única fabricante não consegue atender a demanda.

O Instituto Butantan, em São Paulo, já está desenvolvendo uma nova e promissora vacina, e a Bahia, através da Fiocruz, também tem participação importantes na pesquisa. A pesquisadora Viviane Boaventura informou que os estudos são animadores quanto à eficácia. “Os resultados da análise interina, após dois anos de acompanhamento desde a vacinação, foram publicados recentemente na revista New England Journal of Medicine. Eles mostraram níveis de proteção elevada. A eficácia geral da vacina foi de 79,6%, variando de 70,0 a 86,3%, sendo 73,6% entre participantes sem evidência de exposição prévia à dengue e 89,2% entre aqueles com histórico de exposição”, informou. A eficácia também foi elevada em todas as faixas etárias, atingindo 80,1% entre participantes de 2 a 6 anos, 77,8% entre 7 a 17 anos e 90,0% entre aqueles com 18 a 59 anos. A alta proteção foi observada para os dois sorotipos circulantes no país.

A Fiocruz Bahia coordena um dos 16 centros de pesquisa da vacina da Butantan no Brasil, localizado na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Viviane Boaventura explicou que os voluntários foram acompanhados por cinco anos, para monitorar a ocorrência de casos entre aqueles que receberam a vacina e os que receberam o placebo. Atualmente, os estudos estão na Fase III, quando se investiga a segurança e a eficácia da vacina. Ao encerrar essa etapa, os documentos deverão ser submetidos à apreciação da ANVISA, que autoriza a utilização de medicamentos no Brasil.

Geralmente, por questão de segurança, os estudos de vacinas não incluem idosos, que podem apresentar doenças concomitantes. “Elas não são indicadas para idosos apenas por uma questão de protocolo de pesquisa, já que os estudos foram feitos no grupo etário até 59 anos. Mas não existe nada que contraindique a vacina para a faixa etária maior”, explicou a infectologista Nanci Silva. Buscar a orientação do médico especialista, no entanto, é importante.

Baixo índice de imunização

As vacinas apontam para um cenário otimista no enfretamento da dengue. Entretanto, mesmo com os dados alarmantes, os índices de imunização seguem abaixo do esperado, inclusive após a extensão do público alvo. Diante da pouca oferta de doses da vacina por parte da atual fornecedora da chamada Qdenga, o Brasil adotou uma estratégia inicial focada no público de 10 a 14 anos. Para evitar perdas de estoques dos imunizantes próximos do vencimento, alguns municípios até estenderam temporariamente o público a ser imunizado, para 4 a 59 anos.

Dra. Nanci cita que febre, dor de cabeça, dor no corpo e vômito podem representar sintomas de uma série de patologias, por isso é preciso buscar o diagnóstico correto. “O importante é o paciente não se automedicar", explica a infectologista, esclarecendo que os sinais de alarme na dengue são dor abdominal, vômitos de forma incoercível, sangramentos espontâneos e queda de pressão arterial. A médica lembra que a doença é sistémica e pode ser confundida com outras, como meningite, leptospirose e febre tifoide. “Importante procurar o sistema de saúde para ser conduzido com uma suspeita diagnóstica clínica e ficar atento aos sinais de alarme”, enfatizou.

 

Cuidados e riscos 

Dra. Nanci Silva explica que a grande maioria dos pacientes com dengue terá um quadro clínico “tranquilo”. Segundo ela, a doença é limitada, com tratamento apenas do sintomático, e destacou a importância da hidratação e o uso de medicamentos para combater os sintomas, como dor de cabeça e febre. As pessoas com maior risco de agravamento da dengue são crianças menores de cinco anos de idade, gestantes, idosos, diabéticos, cardiopatas e com outras cormobidades. “Estas pessoas devem ser avaliadas com um maior rigor”, disse a médica. A infectologista afirmou que não tem percebido muitos casos de dengue com gravidade, mas sim pessoas com cormobidades e dengue. “Esses pacientes estão sendo manipulados com a hidratação adequada, que é o ponto mais importante que a gente tem que ter cuidado. As pessoas ficam muito preocupadas com as plaquetas. Mas devemos nos preocupar é com desidratação. Devemos nos preocupar com as plaquetas apenas quando o volume é menor que 50 mil/ mm³. Mas não temos visto muitos pacientes com quadro de sangramento”, citou.

 

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