Tuberculose não é coisa do passado

Nesse mês de março está completando 137 anos que o médico Robert Koch anunciou o descobrimento do bacilo causador da tuberculose, e no centenário da descoberta, dia 24 de março de 1982, a Organização das Nações Unidas (ONU) incluiu oficialmente no calendário para marcar o dia de combate à doença. Mas ao contrário dos que muitos acreditam a tuberculose não é coisa do passado.

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) divulgados no relatório de 2018 registram que atualmente a tuberculose é a doença infecciosa mais letal das Américas, e o Brasil está entre os 22 países responsáveis por 82% dos casos no mundo, registrando uma média de setenta mil novos casos por ano, representando 33,5 casos por cada cem mil habitantes. A meta do Ministério da Saúde é que até 2035 caia para 10 casos para cada grupo de cem mil.

A Bahia está entre os cinco estados com maior número de notificações, registrando 4.100 novos casos anualmente, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), e Salvador concentra 40% das ocorrências. Em 2018 foram registrados 298 óbitos no Estado.

 “A tuberculose representa, ainda no século 21, um importante problema de saúde pública mundial”, alerta a pneumologista Eliana Dias Matos, coordenadora do Ambulatório de Tuberculose Multirresistente do Hospital Estadual Octávio Mangabeira, especializado no tratamento da doença na Bahia.

 

Sintomas e tratamento

A tosse persistente por duas semanas, incialmente seca e depois com catarro, deve ser investigada, especialmente em contato com pacientes com a doença ou grupos mais vulneráveis. Outros sintomas indicadores, aliado à tosse persistente, são febre, suor noturno, perda de pesa, dor no peito e eliminação de sangue com a tosse (hemoptise).

Com o tratamento adequado geralmente os sintomas reduzem drasticamente, ou mesmo desparecem após o primeiro mês, o que leva muitos pacientes a abandonar o tratamento precocemente, dificultando as chances de cura.

“Abandonar o tratamento de completar seis meses, além de não proporcionar a cura da doença, facilita a multiplicação de bacilos resistentes aos medicamentos mais eficazes, gerando dificuldades adicionais”, avisa a pneumologista.

Segundo a médica, uma grande parcela dos pacientes não necessita de hospitalização para condução adequada do tratamento, e a tuberculose deve ser tratada, de preferência, em ambulatórios das Unidades Básicas de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), que contam com profissionais responsáveis pela condução do programa de controle da doença e estão capacitados para diagnosticar, tratar ou indicar para internamento os casos mais complexos. Consultórios particulares também podem ser procurados.

Na Bahia, os que necessitam de internamento pela rede pública são encaminhados para o Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM) e o Instituto Couto Maia (ICOM), os dois únicos hospitais da rede pública que internam casos de tuberculose.