Fique atenta aos sintomas da endometriose - é muito importante o diagnóstico precoce

A endometriose é uma doença ginecológica crônica, benigna, que atinge cerca de 5% a 10% das mulheres na idade reprodutiva e se caracteriza pelo crescimento do endométrio - a mucosa que reveste a parede interna do útero - em outras partes do corpo, principalmente na região pélvica.

Se atingir os ovários pode provocar o aparecimento de um cisto denominado endometrioma e comprometer o futuro reprodutivo da mulher.

Estima-se que já na adolescência pode aparecer o primeiro sinal com a cólica menstrual persistente que não melhora com medicamento, por isso é importante ficar atenta. O diagnóstico tardio pode ser complicador.

“É de vital importância o diagnóstico precoce e correto, para possibilitar um planejamento terapêutico de acompanhamento permanente, inclusive com a participação de outros profissionais como nutricionista e clínico da dor”, alerta o ginecologista Carlos Lino, membro da comissão nacional especializada de endometriose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Segundo o especialista, infelizmente, ainda hoje, a média estimada entre o início dos sintomas descritos pelas pacientes até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos.

O tratamento pode ser medicamentoso, cirúrgico ou a combinação de ambos, mas vai depender da gravidade dos sintomas, da extensão e localização da doença, do desejo de engravidar e da idade da paciente.

 

Endometriose x infertilidade

Embora os estudos mostrem que entre 25 a 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose, e que de 30 a 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade, o ginecologista afirma que essa associação é controversa.

 “Existe grande relação entre a endometriose e a infertilidade, mas muitas condutas não foram avaliadas em ensaios clínicos randomizados, o que reduz o nível de evidência para as recomendações. Portanto, a infertilidade deve ser considerada também por outros fatores, como análise do quadro clínico da paciente, idade, sintomas e o tempo de infertilidade”.

Quem tem endometriose tem mais dificuldade para engravidar, mas dependendo do estágio e do tipo da doença, pode ser feito tratamento, mas o especialista afirma que não é recomendado o tratamento medicamentoso hormonal para supressão ovariana, pois não existe evidência científica de qualquer benefício de melhora da fertilidade.

“A única medicação que pode auxiliar na melhora das taxas de gestação são os análogos de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), quando utilizados por até 3 meses, porém antes da fertilização in vitro. Uma alternativa é o tratamento cirúrgico”.

 

 

Os principais sintomas da endometriose são:

• Dismenorreia (cólica antes ou durante a menstruação)

• Dor pélvica crônica

• Alterações intestinais cíclicas, como distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, dor anal no período menstrual e disquezia (dificuldade ou dor ao defecar)

• Alterações urinárias cíclicas, como dificuldade ao urinar, presença de sangue na urina e necessidade de urinar com mais frequência, principalmente no período menstrual

• Infertilidade

Os tipos de endometriose mais comuns são a peritoneal, quando as células do endométrio se alojam no peritônio; a ovariana, por implantes superficiais no ovário, ou cistos (endometriomas); e endometriose profunda considerada o tipo mais grave por formar nódulos que atingem o reto, os órgãos genitais, e até o intestino.

 

Possíveis fatores de risco

Mulheres que apresentam histórico na família estão mais propensas a desenvolver a doença, e estudos divulgados pela Associação Brasileira de Endometriose observou esse quadro em aproximadamente 51% dos casos analisados.

Além disso, ciclos menstruais irregulares, períodos menstruais muito longos (com mais de 7 dias de duração),  e anomalia no útero estão entre os fatores associados à doença.

 

O que causa a endometriose

Além do fator genético, outras ocorrências podem causar endometriose, como a Teoria de Sampson, ou da menstruação retrógrada, que acontece quando parte do revestimento do útero flui através das trompas de Falópio e cavidade pélvica, ao invés de sair do útero pela vagina, e a imunidade baixa, que pode interferir de forma errada na produção de células do endométrio.

A endometriose regride espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios e no fim da menstruação.