
Pressão arterial 12x8 agora é pré-hipertensão
Atualização de diretriz médica brasileira reclassifica a pressão arterial 12x8 como pré-hipertensão. A medida visa alertar médicos e pacientes para a adoção de medidas preventivas de complicações da hipertensão a longo prazo.
Nova diretriz brasileira em saúde, elaborada em conjunto pelas sociedades de Cardiologia, Nefrologia e Hipertensão, passou a classificar como pré-hipertensão a pressão arterial igual ou superior a 12x8 mmHg. Até então, esse valor era considerado dentro da normalidade.
Essa mudança de diretriz não tem como objetivo estimular tratamentos desnecessários. mas oferecer a médicos e pacientes um alerta e uma oportunidade de medidas preventivas de complicações da hipertensão a longo prazo. A hipertensão é uma doença crônica e silenciosa, que pode levar a AVC, infarto, insuficiência renal e diálise quando não é tratada adequadamente.
De acordo com o cardiologista Eduardo Darzé, diretor geral do Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador, a mudança segue um movimento internacional para o fato de que o risco cardiovascular começa a aumentar já a partir desse nível de pressão. “O risco relacionado à hipertensão não começa em um ponto específico, mas cresce de forma contínua conforme os números da pressão sobem. Estudos de longa duração mostram que esse risco aumenta de maneira significativa a partir de 12x8. A mudança de nomenclatura serve justamente para comunicar isso de forma clara”, explica Dr. Darzé.
Avaliação individual do risco
O especialista reforça que não basta olhar apenas para os números da pressão arterial. É preciso avaliar variáveis clínicas e demográficas para entender qual é a chance de cada paciente desenvolver problemas cardiovasculares e renais nos próximos anos.
“A partir dessas variáveis, conseguimos estimar a probabilidade de eventos em 5 ou 10 anos. Isso é crucial porque define o limiar de tratamento, a agressividade e o alvo terapêutico para cada paciente. Quanto maior o risco, mais intensa deve ser a estratégia. Assim, o tratamento se torna realmente individualizado”, detalha o cardiologista.
O que muda na prática
Segundo Dr. Darzé, a nova classificação impacta na decisão terapêutica. “Redefinir pressões de 12x8 até 14x9 como pré-hipertensão oferece a oportunidade de antecipar os tratamentos. Isso significa agir antes que a doença se estabeleça e, assim, reduzir complicações graves no futuro”, pontua.
As principais medidas continuam sendo não farmacológicas: redução de peso, prática regular de atividade física, menos sal (no máximo 6g por dia), moderação no álcool e evitar ultraprocessados e embutidos. A introdução de medicamentos deve ser avaliada em pacientes de maior risco ou quando as mudanças de estilo de vida não são suficientes. “O tratamento deve ser feito no consultório, com calma, avaliação individualizada e mudanças de estilo de vida.”, conclui.
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