Seu idoso é teimoso mesmo ou é você que não sabe lidar com ele? Veja as dicas

É comum dizer que os idosos são teimosos, mas você sabia que essa “teimosia” pode estar na falta de respeito com sua autonomia e individualidade? Veja as dicas para deixar a convivência prazerosa e benéfica para todos.

 

Conviver com idosos requer um pouco de jogo de cintura, mas é preciso, acima de qualquer coisa, conhecer e respeitar sua história e, principalmente, respeitar e entender suas vontades e necessidades.

Necessidades que nem sempre podemos concordar, mas precisamos procurar entender. De acordo com o médico geriatra Leonardo Salgado, especialista em home care, muitas vezes a família invade a privacidade do idoso e modifica sua rotina sem perguntar do que ele precisa ou se esse é o seu desejo. “É como se os filhos soubessem mais sobre a vida dele do que ele mesmo. Isso retira da pessoa sua autonomia e sua individualidade", revela o especialista.

 

Ele dá algumas dicas e orientações:

 

  1. Será que ele é “teimoso” mesmo? É comum dizer que os idosos são teimosos, mas muito dessa “teimosia” vem da falta de respeito com sua autonomia e individualidade. De acordo com o médico, a dica é conversar com o idoso, conhecer seu jeito, suas vontades e negociar o que precisa ser feito, ao invés de tratá-lo como uma criança incapaz de fazer escolhas. “Devemos sempre ouvir e perguntar antes de falar, e negociar antes de impor. A gente se surpreende quando mudamos essa abordagem”, indica o geriatra;
  2. É preciso saber negociar. Por outro lado, tem idoso que não consegue reconhecer alguns limites que são necessários e, muitas vezes, se expõe a riscos, negando que precisa de ajuda. Por exemplo: quando ele insiste em dirigir, mas não é mais capaz de fazer isso com segurança. O diálogo, nesses casos, precisa ser de negociação para não impor ou determinar de forma arbitrária. “Antes de invadir a rotina de uma pessoa idosa, e implementar mudanças, mesmo com a melhor das intensões, é preciso ouvir e conhecer seus hábitos”, orienta o especialista;
  3. O diálogo é a melhor forma de convivência, e com os idosos não é diferente. Aliás, é fundamental. De acordo com o geriatra, os idosos não são todos iguais, por isso, diálogo e negociação são as soluções para trazer segurança sem retirar a autonomia dele;
  4. Tem que gostar de cuidar e não apenas “tomar conta”. O mais importante ao cuidar de um idoso, é escolher alguém que tenha afinidade pelo cuidar. É preciso alguém que realmente queira se relacionar com o idoso, conversar e estimular ele. É importante, também, que o cuidador conheça a história do idoso, seus gostos e o que é importante para ele;
  5. Alimentação: menos foco no que não pode, e mais no que pode. Claro que idoso com problema de colesterol, hipertenso ou diabético precisa de cuidados na alimentação, mas, de acordo com o geriatra, ainda hoje se dá muita relevância a retirar os alimentos que devem ser evitados e pouca ênfase nos alimentos que devem ser acrescentados. O médico alerta que dietas restritivas tendem a ser abandonadas pelos idosos ou viram motivo de conflitos familiares. Por exemplo: aquela pessoa que, há décadas, todo sábado come feijoada não vai parar porque o médico ou o filho está pedindo. A dica é focar mais na inclusão de alimentos saudáveis e diminuir o foco das dietas restritivas;
  6. Esquecimento e apatia. Ao contrário do que se pensa, não é normal um idoso começar a apresentar esquecimentos, se tornar repetitivo e apático. Veja essas orientações:

• Qualquer mudança no estado de humor que perdure por mais de 30 dias, e qualquer perda de memória que seja progressiva, precisa de uma avaliação profissional;

• Quanto mais exigimos de nosso cérebro, melhor ele fica. Então, é muito importante ter estímulos mentais na velhice para manter um melhor estado mental;

• Além disso, a segurança psicológica também é fundamental. Bons relacionamentos, fundamentados em respeito e afeto, tendem a diminuir doenças, como depressão, ansiedade e até demências;

• Exercícios com tarefas que exijam raciocínio lógico e outras funções mentais são uma boa maneira de se trabalhar a saúde mental.

 

Outras dicas importantes para conviver com idosos:

• Estimular a interação com outras pessoas e atividades intelectuais;

• Permitir que ele tenha uma rede de relacionamentos que o ampare e o faça se sentir útil à comunidade;

• Estimular a atividade física regular;

• Deixar o idoso fazer suas escolhas e se colocar à disposição para ajudá-lo quando ele achar necessário.

 

 

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