Estudo da Fundação José Silveira indica que o tabagismo duplica risco de fracasso no combate à tuberculose

O tabagismo causa 6 milhões de mortes no mundo a cada ano, e é um fator de risco para doenças de alta mortalidade, como a tuberculose pulmonar. Fumantes têm uma probabilidade 20% maior de desenvolver tuberculose (TB), condição que contribui para o surgimento de uma média anual de 450 mil casos, e um milhão de óbitos por ano.

Os dados fazem parte de um estudo desenvolvido no Centro de Pesquisa e Ensino da Fundação José Silveira, com a conclusão de que pacientes com antecedentes de tabagismo têm 2,1 vezes mais chance de fracasso no tratamento da tuberculose.

“Existem poucos estudos voltados para esse tipo de resultado negativo. Chegamos à conclusão de que o tabagismo duplica o risco de insucesso no tratamento da tuberculose pulmonar”, relata um dos pesquisadores envolvidos nesse trabalho, e integrante da equipe da FJS, Dr. Eduardo Martins Netto. 

Essa iniciativa, implementada há décadas na Fundação José Silveira (FJS), é um dos pontos destacados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no Relatório sobre a Epidemia Global do Tabaco 2019. O Relatório enfatiza a importância de medidas adotadas em países como o Brasil, para menor prevalência de fumantes e doenças associadas ao fumo.

A passagem do Dia Nacional de Combate ao Fumo nessa quinta-feira (29) reafirma a importância de alertar sobre os efeitos nocivos desse hábito.

 

Sequelas e danos

O estudo do Centro de Pesquisa da Fundação José Silveira (FJS) analisou a associação do consumo de tabaco com a falha no tratamento da tuberculose pulmonar, comparando os que fumaram e os que não tinham esse hábito.

Foram estudados pacientes atendidos no Instituto Brasileiro para Investigação da Tuberculose (IBIT), unidade da FJS que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), considerada referência nacional no tratamento da doença.

“A análise demonstrou que o tabagismo também está relacionado a formas graves em termos de sequelas e resultados negativos durante o tratamento antituberculose, como recaída e morte”, diz Dr. Eduardo. 

 A pesquisa aponta a necessidade de estratégias que promovam a diminuição do consumo de fumo e maior cuidado dos pacientes em faixas etárias mais avançadas. Os dados coletados também indicaram que a idade influencia na cura da doença: indivíduos com mais de 50 anos de idade tiveram uma possibilidade de fracasso 2,8 vezes maior.

O resultado dessa investigação científica, realizada junto com os pesquisadores Juan Pablo Aguilar, María Arriaga e Monica Ninet Rodas, foi apresentado em artigo científico publicado na última edição do Jornal da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.