Saiba mais sobre a Síndrome de Burnout e não deixe o estresse profissional afetar sua vida

A Síndrome de Burnout (SB), ou “Síndrome do Esgotamento Profissional”, é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho emocionalmente exigentes, ou estressantes, e que envolva competitividade ou responsabilidade.

Recentemente, a SB foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma síndrome crônica e uma nova Classificação Internacional de Doenças que deve entrar em vigor em janeiro de 2022.

Estudos apontam indícios da SB entre 28% a 36% das pessoas em atividade profissional, mas com maior incidência na área da saúde, principalmente os médicos, educação e outras atividades como policiais, bombeiros e agentes penitenciários.  

Os sintomas afetam a rotina diária, as relações sociais e o desempenho profissional, como explica a psiquiatra Amanda Galvão de Almeida, professora de Neurociências e Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA).

 “A SB está intensamente relacionada ao isolamento social, ao desejo de abandonar o trabalho e a afastamentos com atestados médicos. São comportamentos que refletem no bem estar e na qualidade de vida, uma vez que a atividade profissional tende a ocupar grande parcela de tempo na vida das pessoas e, portanto, seu convívio em sociedade”.

 

De acordo com os especialistas, a SB se caracteriza por três aspectos:

• Sinais de estresse - especificamente fadiga crônica

• Postura apática e desinteressada em relação ao trabalho e às pessoas com quem se trabalha, podendo resultar no pensamento de que o trabalho perdeu o seu significado

• Sentimento de menor eficácia profissional, associada ao comprometimento com o desempenho profissional

Estes desgastes acarretam sintomas mentais como impaciência ou irritabilidade, desânimo, tristeza, dificuldade de concentração, déficit de memória, dificuldade de raciocínio, desconfiança excessiva, sentimento de solidão e impotência, e choro fácil.

 

 

Sintomas físicos também estão associados, e os mais frequentes são:

• Fadiga constante e progressiva

• Dores musculares

• Insônia

• Distúrbios do sistema respiratório - respiração “curta” ou falta de ar

• Dor de cabeça e enxaqueca

• Perturbações gastrointestinais

• Imunodeficiência (infecções de repetição, por exemplo)

• Transtornos cardiovasculares - aumento de tensão arterial, taquicardia e disritmias

Sinais comportamentais também podem ocorrer, como negligência ou escrúpulo excessivo, agressividade, incapacidade para relaxar, dificuldade na aceitação de mudanças, perda de iniciativa, aumento do consumo de substâncias psicoativas, comportamento de risco, como direção imprudente, por exemplo, e comportamento suicida.

 

Quando perceber e procurar ajuda

A SB costuma ocorrer de maneira lenta e gradual e, por esse motivo, muitas pessoas não buscam ajuda médica – ou por desconhecerem ou não conseguirem identificar os sintomas.

A psicanalista e psicoterapeuta Ana Teresa Santos alerta que é importante perceber a instabilidade de sentimentos e comportamentos, e buscar uma avaliação médica aos primeiros sinais.

“Às vezes, só a exaustão física e o cansaço exacerbado sinalizam a possível presença da SB, mas a sensação de irritabilidade, impotência, deslocamento de raiva e agressividade, além da diminuição da autoestima e frustração, já apontam um nível mais avançado do distúrbio”.

Após uma análise clínica, o psiquiatra e o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma de tratamento.

O Sistema Único de Saúde (SUS), através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) oferece tratamento integral e gratuito, desde o diagnóstico até o os medicamentos.

 

Como prevenir?

De acordo com o Ministério da Saúde algumas estratégicas e condutas saudáveis podem diminuir o estresse e a pressão no trabalho, e evitar o desenvolvimento da doença:

• Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal

• Participe de atividades de lazer com amigos e familiares

• Faça atividades fora da rotina diária, como passear, comer em restaurante, ou ir ao cinema, encontrar com amigos

• Evite o contato com pessoas que insistem em reclamar do trabalho ou dos outros

• Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo

• Faça atividades físicas regulares

• Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas - só vai piorar a confusão mental

• Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica