Gordura trans aumenta o risco de demência
O aumento da expectativa de vida é uma das maiores conquistas das sociedades contemporâneas, e novos desafios surgem à medida que as doenças crônicas, como as cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dentre outras patologias, podem comprometer a autonomia das pessoas, especialmente as síndromes demenciais.
E atualmente algumas pesquisas têm associado a gordura hidrogenada (trans) com o surgimento da Doença de Alzheimer (DA), a causa mais comum de demência, respondendo por 60% a 70% dos casos, seguida de demência vascular, demência por corpos de Lewy e demência frontotemporal.
Em um estudo recente realizado com a população idosa, publicado no Japão, foi constatado que aqueles com níveis séricos (valores de sangue) mais altos de gorduras trans eram mais propensos a desenvolver demência do que aqueles com valores mais baixos. Estudos anteriores também reforçam essa possível associação, principalmente com a DA.
A principal fonte de gordura trans na dieta é vegetal hidrogenada, utilizada industrialmente na produção de biscoitos, biscoitos recheados, empanados tipo nuggets, sorvetes cremosos, tortas e alimentos comercializados nos restaurantes fast food.
A gordura trans é principalmente obtida pela indústria por meio de hidrogenação catalítica, processo que se aplica aos óleos vegetais líquidos à temperatura ambiente, com o objetivo de conferir consistência de semissólida a sólida.
Alimentação saudável
A nutricionista Alice Mesquita, especialista em gerontologia, reforça que, ao longo de todo o processo de envelhecimento, o consumo de alimentos e produtos ricos em gorduras do tipo trans é desaconselhado, embora exista a necessidade de se fomentar mais pesquisas que elucidem os mecanismos pelos quais uma alimentação saudável é protetora para o surgimento ou agravo das demências.
“É muito importante reforçar a importância da alimentação natural e integral, minimamente processada, pois são fontes importantes de vitaminas, minerais e fibras, e desempenha um papel fundamental na proteção neurológica”, alerta a nutricionista.
De acordo com ela, a dieta saudável é a do tipo mediterrânea, capaz de desacelerar o processo de redução de volume cerebral, pois tem como base o consumo diário de azeite de oliva, hortaliças, frutas, leguminosas, grãos integrais e nozes, além da ingestão moderada de vinho tinto, frutos do mar e ovos, e baixo consumo de carne vermelha e açucar. “Junto com a dieta é indicado também não descuidar do consumo adequado de água, para manter a hidratação, e praticar atividade física regularmente”.
Nem toda gordura é ruim
Apesar da fama de más, alguns tipos de gorduras são importantes para nosso corpo. Elas são fontes de energia e têm boas doses de vitaminas e ácidos graxos essenciais, responsáveis por manter as paredes das células funcionando em boas condições:
As gorduras saturadas estão presentes em fontes animais (carnes, leite e derivados) e vegetais, como coco e cacau, e são facilmente identificadas porque se apresentam na forma sólida à temperatura ambiente.
As gorduras insaturadas são oriundas de fontes vegetais (óleo de oliva, canola, milho, linhaça, soja e girassol), peixes de águas profundas (atum, sardinha, arenque, salmão), abacate e oleaginosas (castanhas, nozes, amendoim).
Mas é necessário ter cuidado: a média de consumo diário não deve ultrapassar 30% da ingestão calórica total. Para saber o tipo e a quantidade de gordura de um alimento, confira na tabela de informação nutricional que vem no rótulo da embalagem.