Medo de descobrir doença e pouco cuidado com os fatores de risco prejudicam a saúde do homem
Há alguns anos a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem estimulando os países a promover ações com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. E um dos principais objetivos dessas ações é contribuir para a compreensão da realidade masculina, que frequenta os consultórios menos do que o desejável.
Segundo dados de pesquisas feitas por sociedades médicas, antropólogos e psicólogos, buscar pouco os serviços de saúde é um conceito cultural de masculinidade que ainda resiste nos dias hoje, onde os homens se julgam imunes às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade.
Em geral, os homens não reconhecem a doença como algo inerente à condição masculina, por isso acham que os serviços de saúde são destinados às mulheres, crianças e idosos. E o medo de descobrir que tem alguma doença também contribui para que eles evitem consultas e exames médicos.
Essa realidade, além de acarretar mais custos, uma vez que os homens só buscam os serviços de saúde quando a doença já se manifestou, ou quando já é preciso internar, também traz mais sofrimento para o indivíduo e para a família.
De forma geral, os homens são mais negligentes com os fatores de risco e acreditam menos no trabalho de prevenção: não se alimentam adequadamente e preservam hábitos nada saudáveis, como excesso de bebida alcoólica, tabagismo e falta de atividade física.
“Essa rotina, associada a determinadas patologias, pode levar ao óbito precoce e aos acidentes vasculares. É de suma importância mudar alguns hábitos, e isso inclui abandonar o tabagismo, diminuir a ingestão excessiva de bebida alcoólica, seguir uma alimentação balanceada, pobre em gorduras animais, carboidratos e açúcar, e praticar atividade física regularmente.”, alerta o urologista e andrologista Francisco Costa Neto, diretor da Clinica do Homem, em Salvador.
As doenças que mais atingem os homens são doenças do coração, hipertensão, câncer de próstata, diabetes e colesterol. No Brasil, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens, e aqui eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres.
O urologista destaca ainda que outras duas ocorrências estão frequentes nos homens: a queda acentuada nos níveis de testosterona, o hormônio masculino, e a disfunção erétil, que tem relação com os maus hábitos associados às patologias, além de outros fatores como hormônios, drogas, problemas circulatórios ou neurológicos, estresse e ansiedade.
“Os homens precisam ter em mente que se quiserem uma vida longa, saudável e com atividade sexual frequente, devem fazer exames preventivos periodicamente e iniciar uma dieta balanceada, e bastante atividade física”.
Conheça os cinco eixos fundamentais da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH), desenvolvida pelo Ministério da Saúde:
Acesso e acolhimento: objetiva reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.
Saúde sexual e reprodutiva: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.
Paternidade e cuidado: objetiva sensibilizar sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com seus filhos
Doenças prevalentes na população masculina: busca fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.
Prevenção de violências e acidentes: visa propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção para a grave relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência urbana) e acidentes.