Síndrome do Coração Partido: parece um infarto, mas não é

Muitas letras de música cantam a “dor” no coração para representar uma tristeza muito forte, ou uma decepção tão grande que deixa o coração “partido”, ou uma alegria tão intensa que chega a “explodir” dentro do peito.

Mas saiba que na medicina essa “explosão” no coração, em decorrência de fatores intimamente ligados ao estresse físico ou emocional, de fato existe: é a síndrome do coração partido, também conhecida como cardiopatia do estresse, ou síndrome de Takotsubo, referência ao estudo japonês que descreveu a patologia na década de 1990.

Sua ocorrência tem como principal causa uma forte emoção em situações de muita tristeza e estresse, como, por exemplo, um grave acidente de carro, a morte de um ente querido muito próximo, divórcio, ou até mesmo em tragédias ambientais, como a de Brumadinho.

Mas também pode ocorrer por intensa liberação de adrenalina diante de um momento de euforia, como ganhar sozinho na Mega Sena, por exemplo, ou receber o prêmio Nobel.

Essa cardiopatia leva à lesão no miocárdio (músculo cardíaco), que provoca uma disfunção reversível do ventrículo esquerdo, comprometendo o bombeamento do sangue para o corpo, e colocando em risco a vida das pessoas, podendo até levar à morte súbita.

Os sintomas – dor torácica forte e dificuldade de respirar - são idênticos aos de um infarto agudo do miocárdio, embora na cardiopatia por estresse não ocorra obstrução das artérias coronárias, nem qualquer ruptura das placas arterioscleróticas, o que acontece no infarto.  Mas como se trata de uma situação emergencial, quando ocorrer tem que buscar assistência médica imediatamente.

 “É uma alteração súbita e transitória do miocárdio, que compromete a funcionalidade cardíaca, e por esse motivo é importante estabelecer um diagnóstico diferenciado entre a síndrome do coração partido e o infarto agudo do miocárdio, já que este último tem prognostico mais severo que o primeiro”, alerta o médico e psicoterapeuta Antônio Pedreira, educador e escritor.

 

Fatores de risco

90% dos casos ocorrem em mulheres com idade entre 40 e 60 anos, principalmente na pós-menopausa. Alguns estudos indicam que esse fato se deve à queda na produção de estrogênio, o hormônio feminino que, entre outras funções, protege o endotélio, a camada interna dos vasos.

 

 

Mas alguns fatores desfavoráveis estão associados:

tabagismo

obesidade

sedentarismo

• presença de doenças psiquiátricas ou neurológicas

Para quem se encontra no grupo de risco é importante promover mudanças no estilo de vida, praticar atividade física regularmente, e buscar ajuda psicoterapêutica especializada. Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, também são recomendados.

Quem já passou por esse episódio é indicado procurar a orientação de um especialista para ajudar no processo de enfrentamento dos fatores de estresse, fundamental para retomar a rotina e seguir com a vida.

“Felizmente, de acordo com as estatísticas, é possível uma completa recuperação da funcionalidade do coração em poucas semanas, e sem a ocorrência de novos episódios, já que se trata de um evento único na vida da pessoa”, explica o psicoterapeuta.